Revitalizar um empreendimento pré-existente traz benefícios que começam no quesito financeiro e se estendem ao campo da sustentabilidade. Entenda!
Construir uma edificação do zero pode gerar sensação de liberdade pelo fato de o projetista ter total autonomia para criar formas e ambientes sem a necessidade de lidar com estruturas pré-existentes. Porém, nem sempre essa é a melhor alternativa. Há situações em que os reparos e as reformas se mostram opções mais interessantes. A primeira vantagem é econômica, já que obras novas pedem a compra do terreno — cada vez mais caros e escassos devido ao acúmulo populacional nas metrópoles urbanas (84% dos brasileiros vivem em cidades, segundo o IBGE).
Em alguns casos, os terrenos chegam a ser considerados bens em falta. “Os mercados de alta renda, no momento, se concentram nas áreas mais nobres das cidades, que são regiões onde os terrenos são matéria-prima escassa. O pouco que se tem está muito caro”, comentou Rodrigo Luna, presidente do Secovi, em entrevista concedida ao Estadão. Com a alta nos preços das áreas aptas a receberem novas construções, o investimento inicial em projetos do tipo tendem a ser maiores na comparação com a renovação de uma edificação já existente.
Nas regiões centrais das cidades, por exemplo, existem muitos prédios desabitados que podem passar por processo de renovação e receber novos moradores. Essas habitações contam, ainda, com o diferencial de estarem localizadas em bairros com toda a infraestrutura necessária — do abastecimento de água e eletricidade à oferta de transporte público. E mais: como as reformas tendem a ser mais rápidas do que as construções novas, os imóveis serão entregues em prazos reduzidos (fazendo com que o construtor tenha o retorno mais rápido dos seus investimentos).
Não seria, então, possível adquirir empreendimentos como esses e demoli-los para aproveitar apenas o terreno? Essa prática acaba indo contra os princípios da sustentabilidade por trazer diferentes impactos ao meio ambiente. Os prejuízos começam na grande geração de resíduos que tal prática provoca – entulho esse que se revela como um problema que o construtor tem que resolver. Afinal, os aterros no país estão cada vez mais abarrotados e o volume de resíduos gerados pelas atividades da construção civil se encontra em curva ascendente ano após ano.
Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), foram produzidos em torno de 48 milhões de toneladas de resíduos de construção e demolição (RCD) em 2021. O número é 2,9% superior em relação aos resultados registrados no ano anterior. Além disso, destaca-se que cerca de 30% dos resíduos produzidos no país vêm da construção e parcela importante desse volume é ilegalmente abandonada em áreas públicas.
Ainda no campo da sustentabilidade, há maior necessidade de consumo de água para executar a estrutura do novo edifício. A etapa de fundação, por exemplo, é uma das que mais consome esse bem. Somente na preparação de um metro cúbico de concreto, são demandados de 160 a 200 litros de água. Já a compactação de um metro cúbico de aterro consome até 300 litros. Vale lembrar que o setor da construção civil usa em torno de 21% de toda a água tratada mundialmente — sendo que 13,6% desse total é empregado especificamente nas edificações.
Assim como reduz o consumo de água, a reforma ou renovação de um edifício necessita de menos materiais (areia, pedras, madeira e metais) para a construção do novo prédio. Diretamente, essa redução ajuda na mitigação das emissões de poluentes durante o processo produtivo dos insumos (colaborando, também, com a economia de energia e a proteção da biodiversidade ao diminuir a exploração do ambiente para extração das matérias-primas).
É possível, também, empregar soluções de alta tecnologia nas reformas ou renovações para que os sistemas hidráulico, elétrico e de climatização tenham desempenho semelhante ao de instalações novas executadas do zero. Ou seja, nem mesmo a economia de eletricidade e de água durante a fase de uso do empreendimento é exclusividade de projetos totalmente novos.
A reforma ou renovação de uma edificação pode se tornar ainda mais sustentável com o uso dos materiais e soluções adequados. Nessa lista de produtos, é possível destacar alguns como: