Arquitetura Sustentável | 17 de novembro de 2023

Construção a seco é alternativa sustentável a métodos convencionais

Sistema construtivo industrializado permite diminuir as emissões de CO₂ durante o ciclo de vida do edifício. Confira os dados levantados em estudo contratado pela Saint-Gobain Produtos Para Construção Quando os sistemas de construção a seco começaram a ser utilizados em todo o mundo há muitos anos, o objetivo era ter uma solução que garantisse alto […]

Sistema construtivo industrializado permite diminuir as emissões de CO₂ durante o ciclo de vida do edifício. Confira os dados levantados em estudo contratado pela Saint-Gobain Produtos Para Construção

Quando os sistemas de construção a seco começaram a ser utilizados em todo o mundo há muitos anos, o objetivo era ter uma solução que garantisse alto desempenho (ou seja, durabilidade, estanqueidade e segurança) e as vantagens da industrialização (compactação de prazos, redução de custos e precisão geométrica), além de baixo peso.

O que se viu, com o passar do tempo, foi que a redução de impactos ambientais também é um atributo importante desse sistema construtivo, que pode utilizar placas cimentícias ou placas de gesso especiais nas fachadas, placas de drywall nas faces internas, perfis metálicos estruturais e isolantes termoacústico — tudo isso em substituição a blocos de alvenaria (concretos ou cerâmicos) e a elementos de concreto moldados no canteiro.

As vantagens ficam evidentes, principalmente, quando comparado o potencial de mitigar o aquecimento global entre as duas soluções — causado pela emissão de gases durante todo o ciclo de vida da edificação, desde a extração das matérias-primas para fabricação dos materiais utilizados, sua instalação, vida útil e descarte.

Dados do Relatório de Avaliação de Ciclo de Vida, elaborado pelo Centro de Tecnologia de Edificações (CTE) — consultoria e gerenciadora especializada em qualidade, tecnologia, gestão, sustentabilidade e inovação para o setor da construção — mostram que a utilização dos sistemas leves nas edificações (fachadas leves + paredes internas com drywall) reduz em 28% o potencial de aquecimento global (em inglês, Global Warming Potential) em comparação a uma edificação com fechamento em alvenaria.

Contratado pela Saint-Gobain Produtos Para Construção, o estudo analisou o impacto ambiental da substituição da vedação convencional pelo Light Steel Framing. A análise considerou, ainda, o uso do drywall para vedação interna em um empreendimento hipotético de uso misto, também em comparação à alternativa tradicional com blocos de concreto.

Entre os resultados observados, o experimento mostra que a construção a seco permite diminuir 100 kg de CO₂ equivalente por m² de área construída durante o ciclo de vida da edificação. “É interessante ressaltar que essa redução provém da adoção dos nossos sistemas, que, de forma geral, são mais sustentáveis se comparados aos produtos da construção convencional. Também existem contribuições indiretas, como redução na emissão de gases de efeito estufa gerados nas etapas de produção e construção da fundação e estrutura”, ressalta Guilherme Pinto, chefe de Produto – Fachadas e Construção Industrializada da Saint-Gobain Produtos Para Construção. Com opções mais leves, ambos os subsistemas podem ser racionalizados, utilizando menos concreto, aço e, consequentemente, impactando menos o meio ambiente.

“Todo o levantamento considera a análise do ciclo de vida dos materiais empregados naquela edificação, bem como seus respectivos impactos ao meio ambiente numa ótica do berço ao túmulo. Ou seja, desde o nascimento da solução, passando por sua instalação, utilização e, no fim, pela demolição e descarte”, complementa Guilherme.

Análise comparativa

O estudo considerou um edifício de 25 pavimentos e 22.500 mil m² de área construída. Nesse caso hipotético, a redução de emissões de CO₂ proporcionada pelo sistema leve foi da ordem de 2250 toneladas. Para se ter uma ideia, para compensar esse volume seria necessário o plantio de uma floresta com 15.750 árvores, o equivalente a 17 campos de futebol.

Essa é uma diferença significativa que, além do meio ambiente, pode ter impactos financeiros. Isso porque há mudanças regulatórias em vista que indicam que o controle de emissões poderá ocorrer via taxação de CO₂.

Um exemplo é o Decreto Federal 11.075, publicado em 2022, que estabelece procedimentos para a elaboração dos Planos Setoriais de Mitigação das Mudanças Climáticas e institui o Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa.

A contribuição dos sistemas leves para a construção sustentável

A busca pela sustentabilidade na construção civil é altamente relevante considerando que a atividade de construir impõe um impacto grande no ambiente. Basta lembrar que o setor é intensivo consumidor de matérias-primas, um grande gerador de resíduos e ainda responde por 38% das emissões de carbono globais relacionadas à energia, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Uma das medidas mais efetivas para reduzir a pegada ambiental da construção dos edifícios é adotar tecnologias mais leves, que permitam diminuir o volume de terra movimentada e o tamanho das fundações.

O sistema leve possibilita, por exemplo, a redução em mais de 16% no volume de materiais na etapa de fundação. Além disso, ao induzir a industrialização, essas soluções mitigam o desperdício de materiais e diminuem em 32% a geração de resíduos no canteiro. Esses dados fazem parte de outro estudo elaborado pelo CTE, sobre a viabilidade financeira comparando prédios idênticos, porém com sistemas de fachadas e paredes internas distintos.

O sistema leve possibilita, por exemplo, a redução em mais de 12% no volume de materiais utilizados nas etapas de fundação e estrutura. Além disso, ao induzir a industrialização, essas soluções mitigam o desperdício de materiais e diminuem em 32% a geração de resíduos no canteiro, além de reduzir em 12% o cronograma da obra. Esses dados são conclusões advindas da mesma base comparativa que deu origem ao estudo dos benefícios de sustentabilidade gerados pela adoção dos sistemas leves, também elaborado pelo CTE e que analisa a viabilidade financeira tomando como base os mesmos prédios, idênticos, porém com sistemas de fachadas e paredes internas distintos.

Há, ainda, benefícios relacionados ao desempenho térmico, fundamental para que os edifícios sejam mais eficientes. Por conta de seu alto desempenho, a construção a seco reduz 20% do uso de energia para climatização em comparação a uma edificação com blocos de concreto.

Fonte original https://www.aecweb.com.br/revista/noticias/construcao-a-seco-sustentabilidade/24975