Construção Civil | 22 de junho de 2023

5 materiais que podem ser reciclados na construção e você não sabia

Vidros, concreto, papel, papelão e plástico já são consagrados. Conheça alguns materiais inusitados que também podem passar por processos de reciclagem

A construção civil é uma das indústrias mais importantes para a economia brasileira, chegando a representar até 8% do PIB do país. Mas seus impactos ambientais são bastante significativos.

A boa notícia é que muitas ações podem ser tomadas para reduzir os efeitos negativos desse setor ao meio ambiente. A reciclagem é uma delas. Há inúmeros materiais recicláveis bastante consagrados e conhecidos pela indústria, como os vidros, concreto, papel, papelão e os plásticos em geral. 

Mas há insumos com alto potencial de reciclagem que são praticamente desconhecidos por grande parte dos profissionais do setor.

Você sabe quais são eles?

Confira:

  • Sacos de cimento, gesso e argamassa

Alvos de muita polêmica, os sacos de cimento e argamassa feitos de papel kraft tipo III são considerados de difícil reciclagem, principalmente, em decorrência da aderência da sobra dos materiais às embalagens. 

Porém, ao longo dos últimos anos, várias empresas e cidades estão desenvolvendo parcerias para viabilizar a reciclagem desse tipo de material. É o caso da Recigreen, que viabiliza um processo de reciclagem desses sacos, atuando em vários municípios. 

Existem, também, exemplos de empresas que recolhem as embalagens dos seus materiais e as incorporam na fabricação de novos produtos, como acontece com a Riomix.

Em relação às sacarias de argamassas, alguns produtos normalmente têm uma folha plástica entre as duas folhas de papel — o que dificulta a reciclagem. Isso porque, se o plástico não for bem removido, pode se tornar um contaminante e prejudicar o reúso do papel. 

Para evitar esse problema, empresas como a Quartzolit, estão migrando a sacaria convencional para uma solução inovadora. Trata-se de uma embalagem 100% de papel que recebe uma resina internamente para substituir a camada plástica. Com isso, a reciclagem é simplificada.

  • Lâmpadas

Poucos sabem, mas vários tipos de lâmpadas não só podem, como devem ser reciclados, principalmente aquelas que possuem mercúrio na sua composição – elemento altamente prejudicial à saúde humana.

Atualmente, diversas empresas nas principais cidades do país realizam o devido processo de coleta e tratamento de lâmpadas queimadas ou quebradas.

A reciclagem das lâmpadas viabiliza o aproveitamento de diversos materiais como o alumínio (existente nos terminais), o vidro e a poeira fosforosa – de onde se extrai mercúrio para que possa ser utilizado novamente.

As lâmpadas LED são as que possuem maior dificuldade de serem recicladas, devido à dificuldade de separação dos materiais na sua composição. 

  • Gesso acartonado (drywall) 

Esse é um resíduo com grandes possibilidades de ser reciclado e reutilizado, tanto para a fabricação de novas placas de gesso, quanto para outros processos de fabricação, como o do cimento, onde pode entrar como componente controlador do tempo de pega. 

Para que sua reciclagem seja viável, é fundamental que as sobras deste material sejam devidamente segregadas de qualquer outro resíduo gerado em obra. O cartão de papel aderido ao gesso pode ser facilmente reciclado.

  • Latas de tinta

Apesar da reciclagem de tintas não ser uma prática fácil e disponível nas cidades, ao menos as suas embalagens, as latas vazias, podem perfeitamente ser recicladas. 

Inclusive já existe amparo legal para isso. A Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) nº 469/2015 classifica as embalagens de tintas imobiliárias como resíduos recicláveis, mesmo que contenham aquele filme seco da tinta nas suas paredes internas. 

A ABRAFATI (Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas) elenca os seguintes passos para uma gestão eficaz deste tipo de resíduo:

– Evitar sobras e não desperdiçar;

– Utilizar de outra forma ou doar a tinta que sobrou;

– Descartar embalagens vazias em locais apropriados para a reciclagem.

Resíduo não é entulho!

Como deu para perceber, o potencial de reciclagem dos insumos usados nessa indústria é maior do que a maioria dos profissionais imaginam. 

Mas é importante ressaltar que a viabilidade técnica e financeira na utilização de matéria-prima reciclada está relacionada, principalmente, à qualidade do resíduo a ser reciclado. 

Isso quer dizer que, para viabilizar a reciclagem, os sistemas de gerenciamento de resíduos devem ser exemplares, garantindo a segregação e o armazenamento correto dos resíduos até o momento da coleta e destinação às empresas da cadeia da reciclagem. 

E é aqui que entra o papel fundamental das construtoras e dos seus subcontratados. Para viabilizar a reciclagem, as construtoras devem implementar programas de coleta seletiva dos resíduos amparados em planejamento e controles rigorosos. 

Vantagens econômicas 

A reciclagem de materiais é fundamental para as empresas que buscam se adequar às boas práticas ambientais. Mas esse não é o seu único benefício: a prática também pode se reverter em vantagens financeiras para as construtoras. 

Porém, do ponto de vista econômico, é mais vantajoso contratar o transporte e a destinação de uma caçamba com resíduos recicláveis de um único tipo ou classe do que uma caçamba com resíduos totalmente misturados. 

Na cidade de São Paulo, por exemplo, algumas empresas de locação e transporte de caçambas já estão diferenciando os valores cobrados em decorrência da qualidade dos resíduos armazenados nas caçambas. Um aumento na ordem de 10% a 15% é cobrado para caçambas com resíduos misturados.

Desta forma, a segregação correta dos resíduos e a busca por novas alternativas de tratamento é um pilar fundamental para uma economia cada vez mais circular, integrando todos os responsáveis pela geração de resíduos.